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Midostaurina (Rydapt): O Plano de Saúde É Obrigado a Cobrir o Medicamento Midostaurina (Rydapt)?

Sim! O plano de saúde é obrigado a cobrir o medicamento Midostaurina (Rydapt), pois todo medicamento devidamente prescrito pelo médico assistente para tratamento de doença coberta pelo contrato ou pelo plano referência deve ser coberto e custeado pelo plano de saúde. Portanto, a negativa do medicamento Midostaurina (Rydapt) é abusiva!

 

Vamos conversar um pouco mais sobre a questão da negativa do medicamento Midostaurina (Rydapt), e os detalhes que aprendemos na prática do dia a dia em ações contra as operadoras de plano de saúde (convênios).

 

Por Que o Plano de Saúde É Obrigado A Cobrir o Medicamento Midostaurina (Rydapt)?

 

O medicamento Midostaurina (Rydapt) deve ser fornecido pelos mesmos motivos que levam o plano de saúde a ser obrigado a custear o tratamento do beneficiário consumidor.

 

O plano de saúde é obrigado a fornecer tratamento para todas as doenças cobertas, desde que os medicamentos sejam prescritos pelo médico assistente, ou seja, o médico que está cuidando do caso do paciente – beneficiário do plano de saúde. Ou seja, a operadora do plano de saúde pode escolher que doenças vai cobrir (sendo que algumas são necessariamente cobertas, como melhor explicaremos), mas não pode escolher como elas serão tratadas.

 

É importante entender que enquanto o paciente estiver internado (tratando-se de plano hospitalar, é claro), é do plano de saúde a obrigação de arcar com todos os custos do tratamento – o que inclui todos os remédios e medicamentos prescritos.

 

A lei dos planos de saúde, lei 9.656/98, prevê que, em caso de tratamento em casa, a operadora do plano de saúde só tem a obrigação de cobrir os medicamentos antineoplásicos, o que, no direito, entende-se como medicamentos para câncer e outros adjuvantes no tratamento. Ocorre que os tribunais no Brasil, inclusive o STJ, vêm firmemente decidindo que negar o remédio ou medicamento de alto custo para tratamento domiciliar faz com que o objetivo do contrato de plano de saúde se esgote, pois acaba por não dar ao beneficiário o que ele mais precisa: Saúde!

 

Assim, medicamentos de alto custo em geral, mesmo quando prescritos para uso e tratamento domiciliar, devem ser custeados pela operadora do plano de saúde.

 

O medicamento, é claro, deverá servir para tratar alguma das doenças cobertas pelo contrato, e é aí que encontramos mais uma prática abusiva da operadora do plano de saúde: Não são raras as vezes em que o plano de saúde nega o medicamento, tratamento ou remédio sob a alegação de que a doença que acomete o beneficiário não está coberta pelo contrato.

 

Ocorre que existe algo que chamamos de plano-referência, trata-se de um rol mínimo de doenças que o plano de saúde será obrigado a cobrir, não podendo excluí-las por meio de cláusula contratual (que, caso exista, é nula de pleno direito). Trata-se das doenças previstas pelo CID da OMS – sendo que, se fora estas, houver outras doenças cobertas pelo contrato de plano de saúde, por óbvio, deverão, também, ser cobertas.

 

Ainda, operadoras de planos de saúde negam o fornecimento do medicamento alegando que este é experimental e não se encontra no rol da ANS. Ocorre que o STJ e os tribunais têm se mantido firmes no sentido de que, ainda que não conste do rol da ANS, se o medicamento possuir registro na Anvisa, não pode ser considerado experimental e, portanto, não pode ser negado. Assim, se o medicamento Midostaurina (Rydapt) estiver registrado na Anvisa ou previsto no rol da ANS, não poderá haver negativa de tratamento através deste remédio.

 

Veja que, tamanha é a importância da cobertura, que mesmo que o medicamento não esteja previsto pela ANS ou pela Anvisa, se houver comprovação científica da eficácia e segurança do medicamento e este não estiver nos rols apenas por questões burocráticas, também haverá a possibilidade de conseguir obrigar a operadora ao fornecimento através de um processo.

 

Por fim, as operadoras costumam negar o tratamento através de medicamento ou remédio sob a alegação de que o uso seria off-label. Isto significa dizer que, apesar de o medicamento estar registrado na Anvisa ou na lista da ANS, sua bula não prevê sua utilidade para a doença que acomete o beneficiário. Está mais que pacificado no STJ que quem entende de medicina é o médico e não uma empresa – logo, por mais que a doença do beneficiário não esteja prevista na bula como sendo tratável pelo medicamento prescrito, a operadora do plano de saúde é obrigada a cobrir o medicamento de uso off-label. Assim, mesmo que o medicamento Midostaurina (Rydapt) seja prescrito para tratamento de uma doença diferente da previsão da bula, o plano de saúde deverá cobrir o tratamento.

 

Quais São Os Documentos Necessários Para o Processo Pela Negativa de Midostaurina (Rydapt)?

 

O advogado precisará, de início, dos seguintes documentos para dar entrada no processo por negativa do medicamento Midostaurina (Rydapt):

 

1.       Prescrição do médico assistente e um relatório indicando os motivos pelos quais o medicamento Midostaurina (Rydapt) é necessário para aquele caso e, em se tratando de medicamento importado, o porquê de os medicamentos nacionais não são indicados no caso, bem como indicando no relatório o registro do medicamento na ANS ou Anvisa e o CID da doença que será tratada;

2.       Prova da Negativa de Tratamento com o Medicamento Midostaurina (Rydapt): Pode ser uma recusa escrita, por carta, e-mail, mensagem ou uma ligação gravada, por exemplo;

3.       Cópias dos comprovantes de pagamento dos três últimos meses de plano de saúde;

4.       Cópia do Contrato de Plano de Saúde;

5.       Cópia da Carteira do Plano de Saúde;

6.       Cópia de documento que contenha foto, rg e cpf (a cnh ou outros);

7.       Comprovante de endereço (contas de consumo como de energia, água ou cartão de crédito).

 

 

Num geral, estes são os documentos necessários para entrar com um processo visando compelir a operadora de plano de saúde à obrigação de fazer de fornecer o medicamento Midostaurina (Rydapt).

 

 

Quanto Tempo Demora Para o Plano de Saúde Fornecer o Medicamento Midostaurina (Rydapt)?

 

Se estiver suficientemente bem instruída a petição inicial, ou seja, se todos os documentos que citamos estiverem junto ao processo, é possível o pedido de uma “tutela de urgência” com caráter liminar, ou seja, assim que o juiz receber o processo, ordenará que a operadora de plano de saúde forneça o medicamento Midostaurina (Rydapt), sob pena de pagar multa diária (astreinte ou multa cominatória) pela desobediência.

Logo após, o processo continuará a correr para ter sua solução final.

 

Negativa do Medicamento Midostaurina (Rydapt) Gera Dano Moral?

 

O STJ é firme no sentido de que a negativa de medicamento, o que incluiu o medicamento Midostaurina (Rydapt), gera dano moral in re ipsa, ou seja, um dano presumido. Ora, negar um medicamento ao qual o beneficiário consumidor tem direito num momento de fragilidade, ou seja, no acometimento de uma doença, precisando de tratamento, é sem dúvidas algo que abala a psique do beneficiário, causando-lhe profunda tristeza advinda de um sentimento de desamparo.

Infelizmente, ainda há tribunais pelo Brasil que negam a indenização por dano moral devido à negativa do medicamento Midostaurina (Rydapt) pela operadora do plano de saúde. Contudo, por hora, essas negativas são revertidas e o consumidor consegue a indenização num recurso especial ao STJ, que seria algo como uma “terceira instância” recursal – tecnicamente não se trata de uma terceira instância, mas é quem julga o processo depois da segunda instância.

 

O dano moral pela negativa de fornecimento do medicamento Midostaurina (Rydapt) costuma gerar uma indenização de cerca de 10 a 15 salários mínimos nacionais para o beneficiário consumidor.

 

O Que Os Tribunais Dizem Sobre o Medicamento Midostaurina (Rydapt) ?

 

Vejamos recentes entendimentos de tribunais que definem que a operadora do plano de saúde é obrigada a fornecer o medicamento Midostaurina (Rydapt).

 

               

PLANO DE SAÚDE. Ação de obrigação de fazer. Sentença de procedência. Irresignação da ré. Preliminar: Inépcia recursal. Inocorrência. Mera repetição dos argumentos da contestação nas razões de apelação que não viola o princípio da dialeticidade. Autora que pôde exercer o contraditório e a ampla defesa em segundo grau sem qualquer prejuízo. Mérito: Autora portadora de "leucemia mielóide aguda de alto risco". Negativa de cobertura de tratamento com o medicamento "Midostaurin" ("Rydapt"). Alegação de ausência de previsão no rol de procedimentos da ANS, bem como de não preenchimento das diretrizes de utilização daquela agência reguladora. Recusa indevida. Abusividade nos termos dos arts. 14 e 51, IV e § 1º do CDC. Incidência das Súmulas nº 95 e 102 do TJSP. Medicamento que possui registro na ANVISA, sendo, portanto, de cobertura obrigatória. Ausência de violação ao princípio da pacta sunt servanda. Elevação dos honorários advocatícios em sede recursal. Sentença mantida. RECURSO DESPROVIDO.

 

(TJSP;  Apelação Cível 1011954-56.2019.8.26.0100; Relator (a): Alexandre Marcondes; Órgão Julgador: 3ª Câmara de Direito Privado; Foro Central Cível - 24ª Vara Cível; Data do Julgamento: 17/09/2019; Data de Registro: 17/09/2019)

               

PLANO DE SAÚDE. FORNECIMENTO DE MEDICAMENTO. TRATAMENTO ONCOLÓGICO. USO DOMICILIAR. Insurgência da ré contra sentença de procedência que a condenou a custear o medicamento Midostaurin ao autor. Sentença mantida. Expressa recomendação médica para utilização do medicamento. Negativa abusiva perante o consumidor (art. 51, IV do CDC). Plano de saúde que não tem competência para dizer qual o melhor tratamento à segurada. Obrigatoriedade de custeio do medicamento em questão. Súmulas 95 e 102 do TJSP. Previsão de cobertura de medicamentos uso oral para tratamento domiciliar de câncer prevista no art. 12, inciso II, "g", da Lei 9.656/98. Recurso desprovido.

 

(TJSP;  Apelação Cível 1012754-80.2019.8.26.0554; Relator (a): Carlos Alberto de Salles; Órgão Julgador: 3ª Câmara de Direito Privado; Foro de Santo André - 8ª Vara Cível; Data do Julgamento: 18/02/2020; Data de Registro: 18/02/2020)

               

PLANO DE SAÚDE. TUTELA ANTECIPADA. AUTORIZAÇÃO DE TRATAMENTO QUIMIOTERÁPICO. Insurgência da ré contra decisão que deferiu a tutela de urgência para determinar que a ré providencie o fornecimento do medicamento Midostaurin 50mg para tratamento quimioterápico, no prazo de 24 horas, sob pena de multa diária de R$ 1.000,00 limitada a 30 dias. Decisão mantida. Probabilidade do direito do autor. Abusividade da negativa de cobertura do medicamento Midostaurin para tratamento oncológico. Obrigatoriedade, à primeira vista, de custeio do medicamento em questão. Súmulas 95 e 102 do TJSP. Previsão de cobertura de medicamentos uso oral para tratamento domiciliar de câncer prevista no art. 12, inciso II, "g", da Lei 9.656/98. Multa cominatória. Fixação adequada no caso, em razão da necessidade e urgência do tratamento, bem como da evidente resistência da requerida. Recurso desprovido.

 

(TJSP;  Agravo de Instrumento 2138220-80.2019.8.26.0000; Relator (a): Carlos Alberto de Salles; Órgão Julgador: 3ª Câmara de Direito Privado; Foro de Santo André - 8ª. Vara Cível; Data do Julgamento: 14/08/2019; Data de Registro: 14/08/2019)




Advogados Autores:

Leandro Lima OAB 425324/SP

Marcel Sanches OAB 404158/SP





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